O artigo abaixo é de autoria de Octávio Campos Salles que gentilmente autorizou a reprodução - http://octaviosalles.com.br.blog
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Posted: 13 Dec 2011 08:17
AM PST
O termo extinção está tão
presente nos dias de hoje que até julgamos como algo meio banal… “mais uma
espécie foi extinta”, e assim a vida segue. Acho que poucos realmente param
pra pensar a fundo que é uma espécie que habitou nosso planeta durante
milhares de anos e é extinta quando o último sobrevivente morre. Ele some pra
sempre, é um caminho sem volta. Em todos os casos a perda é enorme, e o planeta,
um dos raríssimos com capacidade de abrigar vida, vai ficando cada vez mais
pobre. Desde 1600 até os dias de hoje, aproximadamente 80 a 100 aves foram
comprovadamente extintas (depende de como se enxerga as evidências), e claro
muitas outras foram extintas sem mesmo terem sido descritas. O mais triste é
que nos próximos anos muitas outras ainda seguirão o mesmo caminho!
Vou contar algumas histórias
de extinções de aves que foram interessantes, embora trágicas. Vou começar
pelo incrível “Great Elephantbird” e o “Great Auk”. Vou usar os nomes em
inglês mesmo pois até onde sei não há tradução formal pra essas espécies.
Great Elephantbird (Aepyornis maximus)
Pelo nome já dá pra ver que
essa era uma ave muito grande. Habitavam a ilha de Madagascar. Esses gigantes
não voadores chegavam a 3 metros de altura e tinham pernas poderosas, e em
termos de peso foi a maior ave conhecida, chegando a impressionantes 400kg!!
Essa ave também botava o maior ovo conhecido, maior até que qualquer ovo de
dinossauro, do tamanho de uma bola de rugby! De acordo com Étienne de
Flacourt, governador francês de Madagascar, alguns indivíduos ainda
sobreviviam por volta de 1650. Infelizmente ele foi morto por piratas
algerianos em seu retorno à França, portanto sem poder elaborar mais sobre os
avistamentos.
A causa da extinção ainda é
um mistério, mas provavelmente teve grande influência dos humanos, que
caçavam a espécie, em especial seus ovos, com frequência.
Great Auk (Pinguinus impennis)
Essa seja talvez a ave
extinta mais famosa do mundo, ao lado do Dodo. Sua história pode se comparar
a uma tragédia grega. Essas aves marítimas não voadoras habitavam o Oceano
Atlântico Norte, ocorrendo em diversos pontos da América do Norte,
Groelãndia, Islândia e Europa. Apesar de terem certa similaridade com os
pinguins do Atlântico Sul, não tinham nenhum parentesco com estes. Passavam
10 meses do ano em alto mar, caçando peixes e lulas, e só retornavam à ilhas
oceânicas para a reprodução, em grandes colônias. Eram nessas poucas semanas
em terra firme que os auks eram persseguidos por humanos. Há indícios de que
a espécie já servia de alimento para seres humanos a 100 mil anos atrás, mas
foi durante os séculos 16 e 17 que os auks passaram a ser persseguidos com
mais intensidade. No início do século 18 a espécie já se encontrava limitada
a algumas ilhas mais isoladas.
A maior colônia reprodutiva
passou a ser na Ilha de Funk, em Newfoundland, no Canadá, onde as aves se
concentravam em grandes números durante os meses de Maio e Junho.
Infelizmente para os auks, a llha de Funk era o primeiro ponto de terra firme
para os navegadores vindos da Europa em direção à América do Norte.
Marinheiros famintos atracavam na ilha e matavam centenas de auks, presas
fáceis. No final do século 18 esta grande colônia havia sido devastada e a
espécie sobrevivia apenas em algumas poucas ilhotas isoladas na costa da
Islândia. Em uma dessas, pelo menos, a espécie parecia estar segura. Era na
Ilha de Geirfuglasker, que contava com correntes fortíssimas e ondas grandes,
sem nenhum acesso para se atracar com um barco. Enquanto a espécie era
massacrada em outras ilhas próximas, a colônia de Geirfuglasker sobrevivia.
Mas aí veio a tragédia que
ninguém, nem mesmo o mais pessimista, poderia prever. No inverno de 1830 uma
explosão em um vulcão submarino fez com que a ilhota de Geirfuglasker sumisse
no mar, pra nunca mais reaparecer. Seria cômico se não fosse trágico. Em
Maio, ao retornarem para a ilha, os auks viram que ela havia simplesmente
desaparecido e escolheram a ilhota próxima chamada Eldey. Apesar de também
ter o acesso difícil, não era impossível, e lá sim, o homem conseguia chegar
e, de fato, chegaram. Havia cerca de 50 auks nessa ilhota. No mesmo ano da
redescoberta, em 1835, 24 auks foram mortos. Um ano mais tarde capturaram
mais 13 auks. Cada viagem trazia um número menor, até que em junho de 1844
apenas dois indivíduos, um macho e uma fêmea chocando um ovo, foram mortos.
Nunca mais um auk foi visto.
A captura desses últimos 2
auks é descrita em detalhes por John Wolley e Alfred Newton, dois ornitólogos
que na época pesquisaram a fundo o assunto. No dia 2 ou 3 de junho um barco a
remo com 8 pessoas chegou na Ilha de Eldey, onde 3 homens desembarcaram. Logo
eles viram dois auks em meio a centenas de outras espécies, como gaivotas.
Persseguiram os auks e estrangularam os dois. Já sabendo da raridade da
espécie, os dois homens resolveram pegar a estrada até a capital da Islândia,
pra tentar vender os espécimes a colecionadores. No caminho encontraram um
colecionador, que comprou os dois auks no ato. Não se sabe onde foram parar
esses auks, mas há alguma evidência que mostra que podem ser hoje os
espécimes à mostra em museus de Los Angeles e Bruxelas.
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